Olhando para este queijo, é verdade que ele têm o feitio de um tijolo, "brique" em francês. Mas isso não lhe tira nada do seu sabor, antes pelo contrário!
Aqui está um queijo de pasta mole que não é de Denominação de Origem Protegida nem AOC, mas que merece todo o nosso respeito. A Brique du Forez é um dos meus queijos favoritos, fica sempre bem, que seja com pão ou com salada.
Forez, região às portas da Auvergne
Quando as montanhas da Auvergne acabam, caminhando em direcção da grande região gastronómica de Lyon, passamos pelas planícies do Forez. Esta terra, ainda na zona de influência da Auvergne, conheceu grandes transformações no século XIX, passando de uma terra imprópria para a agricultura a uma terra de abundância. Esta transformação deveu-se ao talento dos homens, e à forte procura de bens alimentares por parte da sua capital industrial, Saint-Etienne.
A Brique du Forez é um queijo vindo da parte ocidental do Forez, o Velay, a parte que ainda faz parte da Auvergne, onde as vacas e as cabras ainda podem pastar à vontade, para produzirem o melhor leite possível. Um leite que é utilizado para produzir a excelente Fourme de Montbrison, o queijo AOC/DOP do Forez.
Antigamente, o queijo era conhecido pelo nome de “chèvreton du Livradois”, mas com a sua industrialização, o nome de “brique” ficou, até porque “chèvreton” poderia induzir os clientes em erro, pois a brique pode ser de vaca.
O tijolo do Forez
O queijo apresenta-se como um tijolo de 200g, um paralelepípedo no qual se fez ranhuras. Existem vários queijos denominados de “brique”, todos vindos do Velay. Já tínhamos falado desta região, pois é aqui que se fabrica o queijo de Saint-Agur.
A Brique du Forez mais conhecida é de vaca, mas também encontramos versões de cabra ou de mistura vaca e cabra. Outras briques que não “du Forez” existem, mas sempre do Velay. Pensamos na Brique Brebis, feito como o nome indica com leite de ovelha.
O seu feitio de tijolo vem das formas de madeira de pinho que os pastores utilizavam para fazer este queijo. Tradicionalmente, é feito com leite cru, mas esta produção é limitada: para encontrar tal maravilha, só mesmo na quinta que os produz. Ainda não tive a sorte de provar.
A Brique du Forez que apresento aqui é um produto industrial, com leite de vaca pasteurizado. Mesmo sendo industrial, a produção é escassa, os produtores são poucos. Este facto impediu a Brique du Forez de obter o selo de qualidade DOP, os investimentos necessários para tal sendo demasiadamente elevados.
A empresa que o produzia, a “Fromagerie de Jussac” faliu em 2017, após uma infeliz contaminação dos seus produtos com listeria nos finais de 2012. Parece que a empresa nunca conseguiu voltar ao que era desde então. Felizmente foi recuperada pela Société Laitière de Vichy, uma empresa conhecida pelos seus queijos de grande qualidade. Mas mesmo assim, este queijo sofre de uma grande injustiça, não ficando em nada atrás de um camembert, antes pelo contrário.
O que comer e beber com a Brique du Forez?
A primeira bebida que me vem em mente quando penso no Forez é a agua com gás Badoit, oriunda desta região. Mas, claro está, pode optar por um vinho para este pequeno queijo com sabor à leite quente e avelã. Como sempre, uma boa escolha de vinho passa por um vinho da região, talvez um tinto: Côte d’Auvergne.
A melhor altura para se deliciar com a Brique du Forez começa em Maio, e acaba em Agosto. Eu gosto de acompanhar o nosso pequeno tijolo com uma folha de alface e um pouco de azeite no fim do almoço.
Onde comprar a Brique du Forez?
A maior parte das vendas da Brique du Forez são feitas na sua região de origem. A produção é escassa, pelo que é difícil encontrar este queijo nos supermercados portugueses.
