Queijo Pouligny-Saint-Pierre, um chèvre do Berry
Eu tive a sorte de passar por uma aldeia de grande tradição de queijo, reconhecido em toda a França. O Pouligny-Saint-Pierre faz parte dos famosos queijos de cabra do Berry.
Se há uma coisa de que não consigo prescindir ao fim de um jantar, é mesmo o queijo. Preciso deste toque gastronómico como outros precisam de vinho. O Pouligny-Saint-Pierre, um queijo de cabra de pasta mole, é para mim um dos melhores queijos que aprendi a conhecer quando vivi no Berry.
Pouligny-Saint-Pierre, aldeia do Berry
Eu morei alguns anos na região do Berry, no centro da França. Esta região é muito conhecida pelos seus numerosos queijos de cabra de excelente qualidade. A aldeia de Pouligny-Saint-Pierre, onde tenho a sorte de ter familiares, é uma desses aldeias de tradição ancestral. Situado no departamento do Indre, é uma aldeia como tantas outras neste cantinho de França, com a sua pequena igreja e a sua torre sineira tão característica.
Foi durante uma visita aos familiares que esses nos fizeram descobrir um pequeno queijo de forma piramidal, o Pouligny-Saint-Pierre. De memória, eu conhecia bem um primo deste queijo, o Valençay. Os dois são de cabra, do Berry e reza a lenda que a forma piramidal destes dois queijos deve-se ao feitio do telhado da torre sineira das igrejas das suas aldeias.
A zona natural a que pertence a aldeia de Pouligny-Saint-Pierre, a “Brenne“, é bem conhecida pelas suas pastagens, ideais para cabras, ovelhas e vacas, mas também pela criação de peixe nas numerosas lagoas da região. E, de facto, o Pouligny-Saint-Pierre é um queijo que fica bem com um prato de peixe.
Se quiser ver mais fotografias da Brenne e das suas belas paisagens, pode consultar a minha página (em francês) sobre a região da Brenne. O microclima da Brenne, mais quente e seco, confere ao queijo um sabor único. Aqui, as cabras vivem no meio de cerejeiras, luzerna, carvalhos ou sanfeno… Podemos dizer que os animais são felizes, o que é meio caminho andado para se ter um leite de excelente qualidade.
Pouligny-Saint-Pierre, queijo DOP
Como todos os queijos de Denominação de Origem Protegida, o nosso queijo de cabra pertence a uma região delimitada. De todas as regiões de queijo DOP, a do Pouligny-Saint-Pierre é a mais pequena, o que explica, um pouco, a relativa confidencialidade deste queijo. Não existe uma produção que permite preencher todas os supermercados de França!
No inicio, este queijo de longa tradição era produzido pelos camponeses da região. Foi quando quiseram lançar algo de maior no mercado nos anos 1960 que surgiu a necessidade de proteger o nome com o selo de qualidade AOC, obtido em 1972.
A excelência deste queijo deve-se aos conhecimentos dos seus produtores, e ao leite cru de cabra produzido na região. Quando se sabe fazer e que se tem bons ingredientes, é mais fácil fazer-se algo de muito bom!
O que comer e beber com Pouligny-Saint-Pierre?
Como muitos queijos, pode-se comer o Pouligny-Saint-Pierre com graus diferentes de maturação. Há quem os prefere novos, moles, que permitem barrar o queijo no pão. Outros vão preferir o queijo mais seco, velho, ou até mesmo muito seco, óptimo para se cortar aos pedaços e meter numa salada. Por mim, prefiro apreciar este queijo quando ele começa a ficar azul, com uma fina camada de bolor.
Já referi que este queijo fica muito bem depois de um prato de peixe, porque não depois de uma boa truta. Não é o queijo ideal para cozinhar, não é fazer-lhe honra: ele come-se sozinho, ou acompanhado de pão.
Em termos de vinhos, pouca hesitação: branco. Talvez um Sancerre, o mais famoso vinho do Berry.
Onde comprar Pouligny-Saint-Pierre?
Infelizmente, tal como para muitos outros queijos franceses, em Portugal é muito difícil encontrar Pouligny-Saint-Pierre. A pequena produção não permite, como referi, alimentar os supermercados franceses, então os portugueses ainda muito menos. Mas se passar na região em Setembro, pode sempre dar uma volta à grande festa do queijo em Pouligny-Saint-Pierre, ou visitar a “Maison du Fromage”.